Em 2013, ainda estudante da Universidade de São Paulo (USP), empolgado e inquieto com as possibilidades do mundo profissional, decidi empreender; e não poderia fazer isso sem buscar as melhores pessoas que eu conhecia e mais confiava para construir soluções. Nesse impulso, entrei em contato com um grande amigo que fiz em competições de robótica nacionais e internacionais durante o ensino médio: José Messias, o Juninho. Júnior e eu já havíamos participado de competições na China, Áustria, Brasília, São Paulo e Salvador; e éramos apaixonados por nos meter em desafios – ou também confusões – para criar soluções (armengues, gambiarras, tecnologias).
Quando voltei a Salvador, tinha uma missão: convencer Junior a criar aplicativos de celular comigo. Ele havia acabado de retornar do seu intercâmbio na Espanha e por coincidência ou não, estava fazendo o primeiro app de sua vida. O Júnior topou na hora. Em poucos dias me ligou falando de um garoto muito enérgico e inteligente, David Pires, que tinha várias ideias de aplicativos, mas que nós não tínhamos conhecimento técnico para executar. Quando conheci o David entendi que aquele cara era diferente. Assim nascia a Cubos: da afinidade e inquietude de construir soluções e da total inocência de três garotos que não sabiam dos desafios que estavam por vir.
A Cubos nasceu como uma software house e uma venture builder.
Na época não sabíamos que esses nomes existiam, mas já sabíamos o que queríamos fazer: construir soluções para outras empresas, através do serviço de desenvolvimento de software. Queríamos ao mesmo tempo construir nossas próprias startups - na qual seríamos a área de tecnologia - e acelerar o crescimento dessas empresas que tiraríamos do papel. Acreditávamos nessa tese, pois éramos e somos apaixonados por entender profundamente um problema e tentar solucioná-lo. Não sabíamos exatamente, mas estávamos criando a forma Cubos de desenvolver soluções. Essa forma consiste em: viver a operação, focar nas jornadas dos usuários e ir além de entregar código, entregar inteligência e solução para o mercado. Sempre partindo da nossa essência, que é mergulhar em novos mundos, estudar, aprender e compartilhar.
Foi em um ambiente de cooperação e muito estudo que tivemos a oportunidade de conquistar clientes no Brasil e no exterior. Desenvolvendo desde MVP’s de app de fidelidade e pontuação, a bancos digitais e software de logística de desmonte de usina nuclear para a Suécia. Ao mesmo tempo tivemos a chance de criar oportunidades de negócios, fundando empresas como a Zig (líder do mercado de eventos chashless), a Zak, a AmigoEdu, a Eatiz, a Aarin, a Cubos Academy e a Cubos DevOps. Cada uma delas em seu devido momento e oportunidade, criando espaço para novos CTO’s, empreendedores e profissionais das áreas de tecnologia, marketing, vendas e tantas outras. A Cubos tem excelentes histórias de sucesso, como a Cubos Academy, formando milhares de novos programadores e contribuindo para transformar o Brasil através da educação; a Zig, líder de mercado e empresa inovadora que atua em mais de 7 países na América Latina e Europa.
Porém, empreender não é nada fácil, pelo contrário, é por muitas vezes infinitamente mais desafiador, muitas barreiras são encontradas e muitos erros cometidos. Costumamos falar na Cubos que “errar não é o problema, mas não aprender é um problema imenso”. Acreditamos que para vencer esses desafios, precisamos de consistência nos nossos aprendizados e nos conectar às pessoas certas, pois elas constroem as oportunidades de fato. Para isso é necessário saber filtrar informações úteis ao fazer experimentações, ao analisar mercados e ao receber mentoria. Sendo assim, estar sempre atento ao que são feedbacks poderosos ou apenas distrações, armadilhas que precisam ser vencidas.
“O talento de Salvador é o turismo, não a tecnologia?”
Aqui dou um relato a vocês, leitores, que exemplifica bem uma dessas distrações e armadilhas a não serem ouvidas. Quando começamos a Cubos, chegamos a ouvir de pessoas experientes no mercado, que se quiséssemos empreender em tecnologia, deveríamos sair da Bahia, sair de Salvador. “O talento de Salvador é o turismo, não a tecnologia”, ouvimos exatamente essas palavras. Mas desde o início sempre “batemos o pé” de que somos uma empresa de origem baiana, com seus primeiros talentos baianos e tínhamos orgulho disso. Bairrismo? Talvez. Mas acima de qualquer ego, acreditávamos e ainda acreditamos no talento das pessoas dessa terra. Desde sempre argumentamos fortemente que a Bahia e o nordeste têm talentos e oportunidades riquíssimas, a questão é que precisamos utilizar o melhor delas e encontrar os nossos próprios diferenciais para isso. Ter hoje os nossos produtos e serviços em diversos cantos do Brasil e do mundo, prova que sim, foi possível crescer e gerar valor mantendo as nossas raízes. E acima de tudo, acreditar no talento das pessoas nos permitiu ser hoje uma empresa baiana com um time nacional, gente trabalhando do nordeste ao sul do país com o mesmo objetivo e compartilhando os mesmos valores.
Empreender na Bahia tem vários desafios diretos. Ainda temos poucos incentivos locais, pouca conectividade entre os próprios empreendedores e um ecossistema empreendedor ainda embrionário, comparado a outros lugares do Brasil. Durante esses 11 anos empreendendo, percebo que aqui, as decisões de negócio têm uma velocidade e um dinamismo menor que em outros lugares. Presumo que isso ocorra devido às oportunidades e conexões ainda em estágio de construção. Mas discordo que seja por uma questão de talento ou vocação do povo. Acredito sim, que experiência e prática desenvolvem os empreendedores baianos para que encontrem cada vez mais os caminhos para dar vida a suas ideias.
“O povo baiano está atrelado a criatividade e a garra, essas duas características são pilares para o bom empreendedor.”
O turismo na Bahia e as produções artísticas são historicamente fortes, não apenas na música do Carnaval ou São João, mas também nas produções de artes plásticas contemporâneas e arte de rua espalhadas por todo o estado. Se formos falar de vocação, acredito que o povo baiano está atrelado a criatividade e a garra, essas duas características são pilares para o bom empreendedor. Vejo que estamos amadurecendo como polo de empreendedorismo e estamos aos poucos encontrando nossos diferenciais. Acredito que, nós empreendedores baianos, podemos potencializar nossa característica criativa e utilizá-la a nosso favor.
Uma das nossas principais estratégias para sermos competitivos no mercado é a aproximação com universidades e escolas técnicas do estado. Pois dessa forma conseguimos desenvolver novos talentos muito conectados aos nossos propósitos. Conseguimos retroalimentar o ecossistema para ter novas ideias e acelerar o crescimento das empresas do grupo. Ao longo dos anos criamos e participamos diversas iniciativas: Maratonas de Programação, Hackatons, Laboratórios de Inovação, Cubos Day, na qual universitários passam um dia com um time da Cubos, e tantos outros momentos que nos coloca em contato direto com estudantes de ensino médio e superior; afinal nós nascemos na universidade, em um ambiente de competições de robóticas e movimentos educacionais. Essas ações fazem parte de nossos pilares, nos mantendo criativos.
Nós da Cubos temos o sonho de colocar o Brasil e a Bahia nos holofotes do mundo da tecnologia, construindo mais oportunidades. Queremos contribuir cada vez mais na construção desse ecossistema, para que os próximos empreendedores encontrem desafios novos e diferentes dos que estamos vivendo hoje. Desenvolver novas empresas, parceiros e clientes é o caminho que escolhemos. Uma software house, uma escola, uma gestora de cloud e todas as demais soluções de nichos promissores. Assim, acreditamos que podemos tornar a Bahia uma potência de empreendedorismo e tecnologia.