Esse texto foi escrito por Ana Dias, Jamile Lima e Fernanda Sousa, fundadoras do Respeitaê - Comitê de Inclusão e Diversidade da Cubos Tecnologia

Discutir diversidade é um tema que está na moda, especialmente na área de tecnologia e inovação. É quase certo: em março, todas farão alguma ação com as mulheres; em junho, as empresas vão colocar as cores da bandeira LGBT+ em sua logo; e em novembro, será feita uma publicação a respeito do Dia da Consciência Negra.

A pergunta realmente difícil de ser respondida é: como construir ações que valorizem a diversidade em empresas de tecnologia e startups, causando resultados que vão além de likes no Instagram?

Antes que você, minha cara leitora ou meu caro leitor, crie alguma espécie de expectativa, logo avisamos: não existe uma resposta perfeita para essa pergunta. Introduzir a pauta de diversidade em empresas não é uma receita de bolo e varia substancialmente de caso para caso.

O que esse texto propõe é apresentar uma das respostas para essa pergunta com o caso do Respeitaê, o Comitê de Inclusão e Diversidade da Cubos Tecnologia. Esperamos que, com isso, vocês consigam ter pelo menos uma ideia de como a organização em que você trabalha pode estruturar uma política de diversidade e inclusão e porque  você pode (e deve) fazer parte desse movimento.

1. Sejam voltados para a ação

É essencial que as pessoas que façam parte de minorias debatam e tenham momentos de desabafo sobre dores e dificuldades decorrentes da falta de diversidade nas empresas (ou até mesmo sobre casos de discriminação/preconceito sofridos na vida). Isso cria um senso de união, fazendo as pessoas se conectarem umas com as outras.

Porém, um ponto muito importante é que essas discussões e debates se transformem em ações, não se restringindo apenas ao campo do discurso. É preciso pautar ações concretas voltadas à inclusão e à diversidade.

Um bom exercício para isso é trazer uma discussão sobre como seria a “empresa ideal” em relação a diversidade e estabelecer objetivos para reduzir a distância entre o atual e o ideal.

2. Apoio das lideranças é fun-da-men-tal

Quando a ideia de se pensar sobre diversidade não vem de cima, é necessário obter apoio das lideranças para que as ações saiam do papel. Na Cubos, quando a criação do nosso Comitê foi pensada, dois dos primeiros passos foram falar com o Head de Pessoas sobre a ideia e participar de uma reunião semanal da diretoria.

Nós fizemos uma apresentação de slides estruturada, na qual trouxemos dados de mercado que comprovam a necessidade e as vantagens de se discutir diversidade, mostramos casos de empresas que possuem políticas estruturadas e evidenciamos que a Cubos, assim como a maioria de empresas de tecnologias e startups, ainda precisa ampliar sua diversidade interna. Não apenas fale que tem uma ideia, mas também mostre concretamente como essa ideia funcionaria, o que a empresa ganharia investindo nela e o porquê dessa pauta ser obrigatória para todos.

Um exemplo de ação feito pelo Respeitaê foi o treinamento “Guia Anti Racista para Lideranças”, que surgiu a partir de um questionamento sobre como liderar equipes diversas. O treinamento contou com a grande maioria das lideranças da empresa e intercalou conceitos importantes (legislação e racismo estrutural, interpessoal e sistêmico), compartilhamento de vivências e dinâmicas de estudo de caso nas quais as lideranças traçaram um plano de ação baseado em casos reais e fictícios.

3. Engaje outras pessoas em prol do mesmo objetivo

A sabedoria popular já diz: “andorinha só não faz verão”. Se apenas uma ou duas pessoas carregarem nas costas o projeto de se pensar em diversidade, elas não conseguirão alcançar o impacto que desejam e as ações muito provavelmente ficarão na superficialidade. É até importante haver indivíduos que liderem essa movimentação, mas não é possível causar verdadeiras transformações se essas pessoas estiverem sozinhas.

Caso a empresa queira contratar alguém para trabalhar especificamente com a questão de diversidade na empresa, isso é excelente! Mas muito provavelmente ainda será necessário engajar outras pessoas na causa. Caso não haja ninguém formalmente designado para trabalhar com a temática, torna-se ainda mais relevante engajar uma comunidade de pessoas, de áreas e níveis hierárquicos diferentes, que se proponham a pensar e construir uma empresa mais diversa.

Na Cubos, fazemos uma reunião mensal de alinhamento, em que discutimos ações, quem ficará responsável por cada iniciativa e qual impacto queremos alcançar.

4. Crie objetivos e acompanhe resultados

Em continuação ao que foi dito no tópico 1, nós complementamos e afirmamos que, além de ser voltado para ação, é essencial que essas ações tenham objetivos e metas. Afinal, como saberemos se as iniciativas deram certo, se não temos algo para medir?

Por isso, dizemos: criem objetivos, pensem nas iniciativas e estabeleçam metas. Assim, ao final, poderão ver concretamente o que deu certo, o que deu errado e o que precisa melhorar. Inclusive, isso pode até mesmo facilitar a liberação de orçamento por parte da empresa, pois estará associado a algo concreto e mensurável.

Falando dessa forma, até parece que é um processo simples e fácil… Mas absolutamente não é. É delicado, cheio de desafios e mexe com estruturas fortíssimas que existem na própria sociedade. Porém, essa é uma pauta que não pode mais ser negligenciada, especialmente no mundo da tecnologia e inovação, em que nos propomos a transformar (para melhor) a vida das pessoas.

Terminamos esse post falando uma frase que gostamos bastante: “Todo mundo pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo” (Leon Tolstói). É hora das startups e empresas de tecnologia começarem a se preocupar em mudar a si mesmas tanto quanto querem revolucionar o mundo.


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